quarta-feira, 28 de julho de 2010

Para a lombalgia aguda, permanecer ativo pode ser melhor que o repouso no leito

Autora: Dra. Laurie Barclay
Publicado em 30/06/2010 no site medcenter

A recomendação de permanecer ativo contra repouso no leito pode oferecer pequenos benefícios na lombalgia aguda, mas são comparáveis na ciática, de acordo com os resultados de uma revisão publicada online na Cochrane Database of Systematic Reviews.

“Lombalgia aguda é um motivo comum para consulta com clínico geral”, escreveram Kristin Thuve Dahm, do Norwegian Knowledge Centre for the Health Services em Oslo, Noruega, e colegas.

“O debate continua sobre a eficácia comparativa entre a recomendação de repouso no leito e a de permanecer ativo como parte do tratamento primário”.

Para avaliar os resultados das duas condutas, os revisores procuraram o Cochrane Back Review Group Trials Register, CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, Sport, e SCISEARCH até maio de 2009. Também procuraram bibliografias dos artigos pertinentes e contataram os autores dos estudos.

Os critérios para inclusão na revisão foram ensaios controlados randomizados para a eficácia de permanecer ativo ou em repouso no leito para pacientes com lombalgia aguda ou ciática, com endpoints primários de dor, status funcional, recuperação e retorno ao trabalho.

Dois revisores extraíram os dados independentemente e determinaram o risco de vieses paa os estudos selecionados, que foram combinados qualitativamente e estatisticamente, como apropriado com base na disponibilidade e apresentação dos dados.

Os 10 ensaios randomizados controlados selecionados tiveram riscos variáveis para viés. Os achados de 2 ensaios envolvendo um total de 401 pacientes com lombalgia aguda sugeriram que a recomendação de permanecer ativo foi associada a pequenas melhoras no alívio da dor (diferença média padronizada [DMP], 0,22; intervalo de confiança [IC] 95% 0,02 – 0,41) e status funcional (DMP 0,29; IC 95% 0,09 – 0,49).

Houve evidência de moderada qualidade de que pacientes com ciática que receberam a recomendação de permanecer em repouso no leito ou de permanecer ativos tiveram pouca ou nenhuma diferença no alívio da dor (DMP -0,03; IC 95% -0,24 – 0,18) ou no status funcional (DMP 0,19; IC 95% -0,02 – 0,41).

Para pacientes com lombalgia aguda, evidências de baixa qualidade de 3 ensaios randomizados controlados envolvendo um total de 931 pacientes sugeriu pequena ou nenhuma diferença entre exercícios, recomendação de repouso no leito ou permanecer ativo.

Para pacientes com ciática, evidências de baixa qualidade de 1 ensaio randomizado controlado envolvendo um total de 250 pacientes sugeriu pequena ou nenhuma diferença entre fisioterapia, recomendação de repouso no leito ou de permanecer ativo.

Várias estratégias para recomendações aos pacientes não foram comparadas em quaisquer dos ensaios identificados.

As limitações dessa revisão incluíram aqueles inerentes aos estudos incluídos, como qualidade da evidência e riscos de viés variados.

“Evidências de moderada qualidade mostram que pacientes com lombalgia aguda podem experimentar pequenos benefícios em alívio da dor e melhora funcional pela recomendação em permanecer ativos, em comparação com a de permanecer em repouso no leito; pacientes com ciática experimentam pouca ou nenhuma diferença entre as duas abordagens”, escreveram os autores do estudo.

“Evidência de baixa qualidade sugere pouca ou nenhuma diferença entre aqueles que receberam recomendação de permanecer ativos, fazer exercícios ou fisioterapia.

É muito provável que estudo adicional tenha um impacto importante na estimativa de efeito e que mude nossa confiança nisso”.


Cochrane Database Syst Rev. Published online June 16, 2010.

Informação sobre a autora: Dra. Dra. Laurie Barclay. Escritora e revisora freelance, Medscape, LLC.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sonhar na medida certa pode ajudar nos estudos, mostra pesquisa


Quem tem sonhos mais equilibrados tende a fixar melhor o que aprendeu durante o dia, mostram os resultados preliminares de um estudo conduzido pelo neurocientista Sidarta Ribeiro no Instituto Internacional de Neurociências de Natal.

Segundo a pesquisa, quem sonha pouco ou tem sonhos pesados - em muitos casos, pesadelos - retém menos informações na memória do que os que têm sonhos considerados “neutros”.

Para chegar a essa conclusão Ribeiro treinou jovens para um jogo eletrônico violento. Após uma noite de sono, as pessoas foram entrevistadas sobre o que sonharam, e as que tiveram sonhos mais equilibrados foram aquelas que conseguiram um desempenho melhor ao jogar no dia seguinte.

De acordo com o pesquisador, o estudo mostra que os sonhos são usados pelo cérebro como uma forma de treinamento. Se o treino for pouco, tem pouca serventia, e se for excessivo pode causar fadiga ou estresse, perdendo seus efeitos benéficos.

“Os sonhos são simulações de situações possíveis, sejam elas boas ou ruins”, explicou o neurologista em uma conferência durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que ocorre nesta semana em Natal.

Vestibular
Uma experiência semelhante foi feita no Instituto de Neurociências com pessoas que iriam prestar o vestibular. Elas responderam um questionário sobre o conteúdo de seus sonhos, e o resultado foi comparado ao desempenho delas nas provas para entrar na faculdade.

Ribeiro conta que os dados obtidos apontaram para a mesma direção da outra pesquisa: em geral, quem sonhou que foi muito mal no teste (sonho ruim) ou sonhou que estava comemorando o resultado (sonho excessivamente bom) teve desempenho pior do que aqueles que sonharam com uma situação corriqueira do vestibular, como as questões que iriam cair ou a matéria que estava sendo estudada.

Nas escolas
O papel de fixação do aprendizado por meio do sono e dos sonhos tem sido testado na prática nas escolas de em Natal. Uma terceira pesquisa realizada pelo Instituto de Neurociências comparou resultados de aprendizagem entre jovens que dormiram logo após ter uma aula sobre memória e um grupo que continuou estudando.

O resultado, segundo Ribeiro, apontou que a soneca aumentou a memorização do conteúdo entre 5 a 10%. De acordo com o pesquisador, isso demonstra, na prática, os estudos neurológicos que apontam que o sono ajuda a transformar memórias temporárias em informações permanentes no cérebro.

São Paulo quer eliminar transmissão de HIV de mãe para filho até 2012

A Secretaria de Estado da Saúde paulista divulgou nesta segunda-feira(26) a meta de eliminar a transmissão vertical do HIV, ou seja, o contágio de mãe para filho, até o ano de 2012.

Segundo dados do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, órgão da Secretaria, aponta que a incidência do vírus em crianças menores que cinco anos caiu 90,6% desde 2000.

Os resultados foram apresentados durante a 18ª Conferência Internacional Aids 2010, realizada em Viena, capital austríaca, na semana passada. O CRT/DST-Aids ainda apresentou outros 25 trabalhos no evento.

A eliminação da transmissão vertical é confirmada quando há, no máximo, duas crianças soropositivas em cada 100 gestantes com HIV. Segundo a Secretaria, o Estado de São Paulo deve atingir este patamar dentro dos próximos dois anos.

Para a pediatra Luiza Matilda, do CRT/DST-Aids, estratégias mais eficientes de diagnóstico e controle foram fundamentais para a redução nas transmissões desde o começo da década.

Médicos mostram paciente que fez transplante total de rosto na Espanha


O Hospital Vall d'Hebron de Barcelona deu alta e apresentou nesta segunda-feira (26), Oscar, o paciente que se submeteu a um transplante total de face.

A operação foi liderada pelo médico espanhol Joan Barret e mobilizou trinta pessoas durante 22 horas em março.

Oscar teve transplantada toda a pele e músculos de rosto, nariz, lábios, maxilar superior, todos os dentes, os ossos da maçã do rosto e da mandíbula, segundo o hospital. Ainda de acordo com o hospital, foi a primeira cirurgia do gênero a ser realizada no mundo.

Ele tinha o rosto deformado desde os cinco anos depois que sofreu um acidente, e não podia respirar ou falar normalmente. Ele também tinha dificuldade para comer.

Uma equipe multidisciplinar do Hospital Universitário Vall d'Hebron transplantou "toda a pele e músculos dos rosto, pálpebras, nariz, lábios, maxilar superior, todos os dentes, paladar, ossos dos pômulos e da mandíbula, utilizando técnicas de cirugia plástica e microcirugia reparadora vasculonervosa", detalhou Barret.

O cirurgião disse que a parte mais difícil foi evitar que o organismo de Oscar rejeitasse o rosto implantado.

Oscar já consegue falar, com dificuldade, há dois meses, e vem seguindo uma dieta baseada em líquidos e cremes.

Durante a entrevista, ele agradeceu aos médicos, aos funcionários do hospital e à sua família.

O paciente deverá seguir controles clínicos e sessões de fisioterapia, logopedia e terapia facial até que recupere totalmente a mobilidade do rosto. A previsão é que faça isso durante os 12 ou 18 meses posteriores à operação.

A irmã do paciente transmitiu da parte de Oscar suas sensações e expectativas, como a alegria de poder caminhar pelas ruas normalmente, sem que as pessoas fiquem olhando para ele o tempo todo, e também sentar-se à mesa e desfrutar disso com amigos e familiares.

Segundo explicou ela, Oscar aceitou seu novo rosto e tanto ele quanto a família reconheceram traços anteriores.

Do ponto de vista psicológico, os profissionais asseguram que Oscar está preparado para voltar para casa.

O hospital recordou que no mundo foram realizados 13 transplantes de rosto: 6 na França, 3 no Estado espanhol, 2 nos Estados Unidos, 1 na China e 1 no Egito, mas insistiu que o de Oscar "é o primeiro transplante total de rosto no mundo".

O hospital explicou ainda que, uma vez concluída a coletiva de imprensa, nenhum detalhe a mais será divulgado aos meios de comunicação para preservar a intimidade de Oscar.