SEXO MASCULINO NA CATEGORIA DE ENFERMAGEM
A escolha da profissão é um momento ímpar na vida do indivíduo. Enquanto alguns trazem consigo dos tempos da infância uma tendência profissional já bastante definida, outros concluem o ensino médio sem ter a menor idéia do que fazer de suas vidas. No entanto, isso não significa que aqueles que já tinham uma opção de curso se identificarão com a profissão de escolha, e nem que os que decidem tardiamente venham a se frustrar. As variantes são consideráveis, pois a escolha consciente depende de vários fatores que vão além do tempo de decisão.
A Enfermagem, por exemplo, historicamente, tem sido caracterizada como uma profissão tipicamente feminina. No entanto, atualmente tem-se visto que ela passa por um processo crescente de “maculinização”, ou seja, um franco crescimento da população masculina nesta profissão que historicamente eram desempenhadas por mulheres.
O caso da Enfermagem é bastante peculiar. Florence Nightingale, precursora da enfermagem moderna, institucionalizou na Inglaterra Vitoriana (1862) a enfermagem como uma profissão “para as mulheres”, para qual elas eram “naturalmente preparadas”, a partir de valores que se consideravam femininos. Será realmente que as mulheres são exclusividade na competência para o exercício da enfermagem?
A exclusão masculina se deve em boa parte a fatores culturais sendo que estes perpetuam até os dias atuais, se tornando uma característica da profissão. Realmente, de certa forma, cuidar é uma ação identitária feminina que transcende o espaço de trabalho. A atuação no desenvolvimento de técnicas com recém-nascidos e prematuros é um exemplo prático, pois os estudantes homens reclamam que muitas professoras partem do pressuposto que não têm habilidade para cuidar com destreza, segurança e carinho, visto a fragilidade dos pacientes e os “modos de ser” mais “masculinos”.
Se observarmos na assistência a mulher percebemos que nem todas as mulheres se sentem a vontade em fazer exame ginecológico visto que o profissional de enfermagem do sexo masculino , aos olhos do cliente/paciente, transparece sua masculinidade e não seu papel profissional.
No entanto, a sociedade moderna e seus modos de produção, com o processo de emancipação feminina e a constante metamorfose de valores já nos aponta que as mulheres não são verdadeiramente tão instintivas e fragilizadas, ao mesmo passo que nos permite observar que o sexo masculino também não se define somente por características historicamente estabelecidas. O fato é que tem sido constatado um aumento do ingresso de estudantes do sexo masculino nos cursos de graduação em enfermagem.
Se observarmos pesquisas vamos perceber que os principais motivos pelos quais os alunos do sexo masculino optaram pelo curso foram: afinidade pela área de saúde, amplo campo de trabalho e, exatamente, a disposição e vontade demonstrada de trabalhar prestando assistência ao próximo, o que comprova que a disposição ao cuidado não é exclusivamente feminina.
Formar enfermeiros nas perspectivas técnicas e científicas, e considerando a inserção do sexo masculino nos diversos cenários da profissão, constitui um fenômeno crescente que traz consigo uma dinamização da profissão, suscitando reflexões sócio-históricas a respeito da enfermagem, e contribuindo para a construção de um novo olhar social da enfermagem, considerando-a como profissão de excelência e primeira necessidade na equipe de saúde.
Apesar do número ainda reduzido de homens nos cursos de formação tanto técnica como superior este contingente vem aumentando gradativamente. Isso nos mostra, portanto, que a Enfermagem está se transformando e devemos estar cada vez mais conscientes destas transformações.
ESCRITO POR:
Hildson Leandro de Menezes
Enfermeiro e Coordenador/Docente do Curso Técnico em Enfermagem da Faculdade Vale do Salgado. COREn 175081
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