domingo, 30 de janeiro de 2011

DEMOCRATIZAÇÃO DE IDÉIAS

O desafio crucial que se coloca contemporaneamente para a saúde pública consiste em propor programas de intervenção culturalmente sensíveis e adaptados ao contexto no qual vivem as populações às quais são destinados. Esse desafio assume uma configuração mais nítida e contrastante quando se trata de populações vivendo em condições de pobreza e desigualdade social.

Segundo Bastos (2002) o incentivo à auto-responsabilidade e à participação da comunidade e dos cidadãos no planejamento, na organização, no funcionamento e no controle da atenção primária à saúde como requisitos indispensáveis à otimização do atendimento constitui-se também em recomendação da Organização Mundial da Saúde.

O processo saúde-doença influencia-se pela cultura, e no desenvolvimento de ações congruentes há que se considerar as diferenças entre a cultura profissional e pessoal de todos os envolvidos no cuidado. Analisar o contexto cultural do cliente é necessário para que se detectem as aproximações entre cuidado popular e profissional, para que este ocorra a partir de uma realidade específica, com mais qualidade.

As pessoas conhecem e definem as maneiras com que experimentam e percebem o cuidado em saúde, relacionando-as às suas crenças e práticas de saúde de acordo com a sua cultura, portanto as informações dos clientes podem orientar os profissionais no cuidado. O cuidado é uma necessidade humana essencial à saúde e sobrevivência da espécie, e todas as culturas possuem sistemas de práticas de cuidado de saúde profissionais e populares. A cultura serve para orientar o pensamento, as decisões e as ações dos grupos, a partir de seus valores, crenças, normas e práticas de vida.

O cuidado cultural de enfermagem leva a integralidade do cuidado ao considerar a totalidade e a perspectiva holística da vida presentes em fatores culturais e sociais, visão de mundo, valores culturais, expressões de linguagem e modelos populares e profissionais de saúde. Para que sejam congruentes, as ações ou decisões de cuidado de enfermagem devem ocorrer pela manutenção ou preservação; acomodação ou negociação; remodelação ou reestruturação do cuidado cultural.

Para tanto, conhecer a cultura dos clientes, acessando a interpretação do significado do cuidado e experiência de grupos culturais diversos é imprescindível às ações, tornando possível diminuir o distanciamento entre profissional e cliente, no sentido de melhorar a adaptação e aceitação das recomendações profissionais. É importante destacar que nos serviços de saúde o cliente geralmente assume um papel passivo e pouco (ou nada) participativo. Ainda que haja estímulo à sua participação no tratamento, esta se baseia na transmissão de informações prescritivas que nem inserem e nem promovem a autonomia do cliente no cuidado.

Um comentário:

  1. Olá professor Hildson. Sou um de seus quase-ex-alunos-desistentes... bem, talvez seja isso mesmo, rrs. Venho parabenizar os excelentes textos postados em seu blog, particularmente, acerca da troca de professores por parlamentares; as várias formas de violência contra a mulher e as pessoas que perdem tempo com o BBB, nas palavras do mestre e famoso escritor. Como não podia ser diferente, destacando-se acerca do tema "saúde". Na qualidade de leitor relativamente exigente, parabenizo-o pelas excelentes postagens.


    Valério Alves.

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